sábado, 28 de julho de 2012

A sucessão...

Foi com algum espanto, confesso, que tomei conhecimento, há dias, da nomeação do Sensei Tetsuji Nakamura para sucessor do Sensei Morio Higaonna como instrutor chefe mundial da IOGKF. Esta decisão foi comunicada em reunião de instrutores no World Budosai em Okinawa.
Tive o prazer de privar  com o Sensei Nakamura em Okinawa em 2004, e foi fácil perceber que a organização do World Budosai assentava quase integralmente nas suas costas. Pessoa de grande dinâmica e conhecimento, o Sensei Nakamura era, claramente, o "braço direito" do Sensei Higaonna.
Era a sucessão mais justa e natural, a meu ver. O meu espanto reside na "aceitação" por parte de alguns instrutores chefes de alguns países. Neste momento, pelo simples facto do Sensei Higaonna se encontrar ainda vivo, acredito ser pacífica e sem grandes sobressaltos, esta nomeação. No entanto, conhecendo alguns dos senhores que orbitam as cúpulas da IOGKF, não acredito neste "pacifimismo", logo que o Sensei Higaonna se retire do mundo dos vivos. Basta ler as mensagens de felicitações a Nakamura... algumas calorosas e entusiasmadas, outras frias e protocolares. 
Num "mundo" onde 7.os e 8.os Dan´s exibem credenciais e assumem lideranças, a nomeação de um 6º Dan para Instrutor-chefe mundial não deve ser "sapo de boa digestão".
A IOGKF é uma instituição de prestígio, inegável, com representação estável e sólida no Goju-Ryu mundial, mas com uma dimensão onde se denotam algumas "guerras de poder" (aliás comuns a todas as organizações mas com uma dimensão diferente), e sempre se perceberam "grupos" de influência que, por trás da organização em si, ditavam os destinos desta. Percebi mais este estado de coisas no ultimo estágio europeu em que participei (La Manga - Espanha), onde as organizações dentro da organização eram evidentes. Não é "pecado" nenhum desde que se aceite a situação e se consiga conviver  com ela.
A sucessão de Higaonna é assim entregue por este, a um oriental (também para não "contaminar" as raízes), claramente, a meu ver, numa ânsia de manter a "política" o mais afastada possível da essência da arte. 
A IOGKF é uma grande organização. Tem deixado a sua marca profunda no panorama do karate mundial sendo uma referência no Goju-Ryu. O seu grande crescimento e poder "obrigou" à criação de grupos de instrutores que procuravam (e procuram), no meu entendimento, um lugar de destaque onde as suas influências sejam impostas. Não acredito que esta nomeação de Nakamura seja do agrado destes grupos. Ela vai ser aceite (aliás já teve de ser) porque Higaonna ainda decide... logo que este estado se altere, não acredito que a "solidez" da IOGKF se mantenha. Será que estou errado? 

sábado, 21 de julho de 2012

Balanço final...

Mais uma época que está a terminar. Entramos em período de férias, para carregar baterias e iniciar os preparativos para a nova época. 
Esta foi uma época particularmente desgastante para mim. Conciliar a gestão das aulas com a gestão do meu tempo disponível foi muito difícil. Alguma turbulência a nível profissional deixou-me exausto o que me fez recorrer à reserva de energias para poder continuar. 
Isto de ter um horário profissional irregular obriga-nos a fazer muita "ginástica" para poder gerir o Dojo. Estágios, competições e eventos formativos são muito úteis e gratificantes mas exigem muito de nós. A crise económica que estamos a atravessar teve e tem ainda grande impacto na nossa vida desportiva. Quer queiramos quer não, condiciona a vida de todos. Implica sacrifícios de ordem profissional que vão colidir com a harmonia do trabalho de Dojo, que por sua vez, sai afectado por isso.  
Felizmente tenho tido todo o apoio dos yudanshas do Real que estão sempre prontos a ajudar mas que, também eles, são afectados pela conjuntura.

A Kaizen esteve muito bem nesta época (aliás como vem sendo costume), proporcionando formação técnica de grande qualidade aos seus associados. É imperativo que se reconheça o esforço que tem sido feito, tanto em recursos financeiros como humanos. Os estágios são uma peça fundamental na formação de qualquer karateka. Treinar unicamente no seu Dojo é manifestamente insuficiente. Necessitamos saber o que se faz e como se faz, fora de portas. Interagir com outras escolas e outras Associações. Perceber porque se faz de forma diferente nas outras escolas. Tivemos há pouco tempo um grande Estágio onde tivemos a rara oportunidade de treinar com dois grandes mestres de Goju-ryu. Participar num Estágio tem dois grandes objectivos: Aperfeiçoar o nosso karate e apoiar a organização. Ultimamente tem-se vindo a verificar a pouca importância dada aos estágios. Alguns alunos pensam que é suficiente treinar no seu Dojo. É errado! Todos nós convivemos diariamente com a nossa família mas isso não impede que se conviva com outras pessoas amigas e conhecidas. Questionar só é possível conhecendo várias formas de treino. As associações não são imunes à crise e sobrevivem com o apoio dos seus associados. Trazer um grande mestre para proporcionar um estágio é dispendioso e consome muitos recursos humanos. Se estas iniciativas não tiverem resposta positiva não é possível mantê-las.
Durante toda a minha vida de karateka tive de pagar (e em alguns casos, muito bem) a minha formação. Isso nunca me causou nenhum constrangimento porque tenho tido a correspondente compensação. Os valores essenciais para a vida sempre se regularam por essas regras. Nos anos 80, quando comecei a treinar, quando se sabia que ia haver um Estágio, toda a gente se mobilizava e a participação era maciça. Pagava-se mas tinha-se! Qual foi o resultado? Toda uma geração com excelente formação técnica - a grande maioria agora a ensinar aquilo que aprendeu, formando magníficos karatekas. Mesmo aqueles que não estão a dar aulas ajudam contribuindo com a sabedoria adquirida ao longo de muitos anos, com sacrifício pessoal e económico. Na década de 80 poucos tinham carro mas faziam-se 300 Km para se poder treinar num Estágio no Porto - hoje, a maioria torce o nariz para se deslocar 20 ou 30 km para a margem sul ou da margem sul para cá. A informção dos Estágios era veiculada pelo correio e às vezes, em cima da hora - e nós lá íamos - agora temos a Internet - e mesmo assim o pessoal aparece pouco. Esta mentalidade tem de mudar porque não é mentalidade de karateka... e começa pelos instrutores que têm o dever de alertar para a importância destes eventos.
Tivemos um Campeonato da Kaizen que foi um êxito. Tivemos um Gasshuku que foi excepcional. Treinámos com mestres de grande qualidade: Arnold de Beer, James Rousseau, Ryoichi Onaga, José Campos, Kevin Nason, Aivaras Engelaitis, etc. - só quem participa sabe dar o valor a esta catadupa de informação técnica...
Precisamos de rever as nossas prioridades e ensinar os nossos jovens karatekas quais devem ser as deles...
Finalizando esta já longa dissertação - estou a entrar em modo de "hibernação". Acabado o mês de Julho vou mesmo parar durante o mês de Agosto. Os meus 53 anos de idade exigem-no, e a minha "nova" netinha requer as minhas atenções. No final de Julho, vou-me "encostar" a dar largas à minha condição genética de alentejano.
A todos os meus amigos e colegas de "arte", desejo umas boas férias! 
Afinal isto não quer dizer que vou parar... vou apenas encostar e estacionar... sem desligar o motor...

BOAS FÉRIAS A TODOS!!!


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os genes do Alentejo...

Pois é, segundo parece, o nascimento da minha neta Lara está a ter algum "delay". É assim: A miúda não tinha "dado a volta" (ou seja, apontado para a saída...) então previu-se uma cesariana. Afinal, no ultimo momento, a garota resolveu (segundo parece mas sujeito a confirmação hoje) começar a dar a dita "volta". 
Isto é, sem sombra de dúvida, o gene "Ramalho" que, chamando a si a condição de "sulista" (vulgo alentejano), resolveu deixar para o fim os preparativos para um parto chamado "normal". Isto é a nossa "imagem de marca". 
Suspensa a cesariana, ainda hoje esperamos pelo veredicto médico. Até lá, vamos aguardando. A miúda começa já a ser caprichosa... 
Como nota final deste breve relato, acrescento que estou muito grato à mãe Natureza ter deixado a cargo das mulheres a entrega dos rebentos ao mundo. Há dias tive uma dor de cabeça e já me apetecia atirar de um penhasco, imagino se tivesse as entranhas ocupadas por um ser desejoso de sair, sabe-se lá se à bruta... Fico a pensar no filme "Alien - o 8º passageiro" e até me arrepio.
Por esse motivo rendo aqui uma sincera homenagem a todas as mulheres (mães ou futuras mães) pelo seu excelente desempenho nessa tarefa, provada com o aumento populacional do   Planeta Azul. Se fossemos nós, homens, a espécie já se tinha extinguido...
Porra, que aquilo deve doer!...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Um karateka de coração...

De tempos a tempos o destino traz ao nosso convívio pessoas que nos marcam. Pessoas que nos deixam uma marca de amizade profunda e admiração pela sua lealdade. Uma dessas pessoas é o Carlos Ferreira, neste momento o único Nidan do Real.
O Carlos é hoje, uma pessoa diferente daquela que um dia entrou para a nossa classe. A meu ver, diferente para melhor. Entrou para a classe "empurrado" pelo André Mira, seu afilhado, que treinava comigo, criança de tenra idade. 
Ao longo dos anos o Carlos Ferreira "entrou" no espírito do Karaté e fê-lo de uma forma que me surpreendeu, dedicando toda a sua energia à prática com devoção e sempre, mas sempre, uma humildade extraordinária.
É hoje, sem qualquer sombra de dúvida, um dos graduados em que mais me apoio pela sua disponibilidade em ajudar e o gosto com que o faz.
O Carlos Ferreira é o símbolo da honestidade, da dedicação ao treino e da constante procura da perfeição. É hoje um excelente karateka, admirado e respeitado por todos e inegavelmente merecedor dessa admiração.
É para mim, mais do que um aluno, é um amigo daqueles que conservamos num lugar especial.
Costumo dizer sempre que sou afortunado pela classe exemplar que tenho o privilégio de dirigir, onde jovens e menos jovens criam um ambiente fabuloso onde ninguém "mostra os galões" e onde todos se entre ajudam.
É por este motivo que me sinto honrado por ter comigo excelentes pessoas com as quais me identifico e que respeito muito.

O Carlos é uma daquelas pessoas que deixam a sua marca no Goju-Ryu do Real e da Kaizen. 
Sinto-me privilegiado por poder contar com a sua amizade, dedicação e paixão pelo nosso Karate.

Allways, but allways... begginers mind!

sábado, 7 de julho de 2012

Dedicação....


André Mira, João Saúde e João Fróis - estes são três dos "putos" do Real. Iniciaram-se no Karate comigo no Real ainda crianças e...cresceram. Cresceram mas nunca deixaram de se dedicar ao treino. Assíduos e muito empenhados sempre. Humildes e respeitadores, estes rapazes são admirados por todos pela sua verdadeira dedicação ao nosso (deles) Karate.
Para mim é muito gratificante ter karatekas como estes na minha classe e sinto-me orgulhoso das suas aptidões. Quero acreditar que tenho contribuído, juntamente com todos os nossos karatekas, para a sua formação excelente como karatekas e como seres humanos de excepcional carácter.
Esta foto foi tirado numa sessão fotográfica a que se sujeitaram e está, a meu ver, excelente.

Este é, sem dúvida, o nosso futuro....